3 Dezembro 2025
A Pluxee, líder global em benefícios e engajamento de colaboradores, divulgou os resultados da pesquisa “Pilares de engajamento do Trabalhador”, realizada em parceria com o Instituto Ipsos, que ouviu 8.700 trabalhadores em 10 países e contou com 80 depoimentos de colaboradores, além de insights de especialistas de referência no mundo do trabalho. O estudo propõe uma leitura mais contemporânea da relação com a vida profissional e revela um movimento crescente sobre o engajamento dos profissionais, que mudam a forma como equilibram e lidam com a vida profissional, respeitando fases da vida, limites e prioridades pessoais.
Engajamento é sobre ciclos, pessoas e reciprocidade
Fabiana Galetol, diretora executiva de Pessoas e Responsabilidade Social Corporativa da Pluxee no Brasil, explica: “Quando falamos de engajamento, estamos falando de pessoas, que vivem ciclos, desafios e conquistas dentro e fora do trabalho. Cresce a busca por uma relação integrada, em que o profissional não anula o pessoal e pode se desenvolver respeitando seu próprio ritmo.”
Essa perspectiva mostra que falar de equilíbrio e engajamento é, essencialmente, falar de qualidade de vida — que não segue uma fórmula pronta. Trata-se de uma integração saudável entre o que vivemos no trabalho e fora dele, única para cada indivíduo. O engajamento, portanto, não é rígido; ele se manifesta ao longo de um espectro, influenciado pelo momento de vida, prioridades e sonhos de cada pessoa.
Otimismo com cautela: as prioridades do trabalhador brasileiro
A pesquisa, que ouviu mais de mil trabalhadores brasileiros, revela otimismo entre os profissionais do país: 85% confiam no próprio futuro e 77% mantêm um humor positivo. No entanto, esse otimismo não implica lealdade incondicional: embora 88% gostem de suas empresas, apenas 29% permaneceriam nelas exclusivamente enquanto tiverem interesse. A pesquisa também aponta uma inversão de prioridades: 57% valorizam mais a vida pessoal que o trabalho, enquanto apenas 12% o consideram o centro de suas vidas.
É justamente nesse contexto que se percebe uma mudança no envolvimento dos colaboradores. “Não significa performar 100% o tempo todo, mas sim atuar de forma sustentável, com propósito e autonomia para conciliar prioridades. Para isso, as empresas precisam oferecer reciprocidade, criando ambientes que favoreçam conexões humanas, pertencimento e apoio às diferentes fases da carreira”, afirma Galetol.
Motivações e satisfação também revelam nuances importantes: 63% trabalham principalmente para pagar as contas, mas 57% se sentem inspirados pelo ambiente e colegas, e 53% gostam do que fazem. Entre gestores brasileiros, 91% estão satisfeitos com seu papel, indicando terreno fértil para estratégias de RH que integrem propósito e bem-estar.
Antes de avançar em práticas de ESG, os brasileiros esperam que as empresas garantam o essencial: 60% desejam condições de trabalho justas e 37% esperam ações concretas de cuidado com o meio ambiente.
O perfil do trabalhador brasileiro
A pesquisa revelou 8 perfis do trabalhador brasileiro e suas prioridades, mostrando como diferentes combinações de foco na vida pessoal, carreira e engajamento comunitário influenciam a relação com o trabalho.
- Guardiões do Propósito (23%): valorizam vida pessoal e causas sociais, mas com pouco engajamento prático.
- Forasteiros (18%): priorizam vida pessoal, não se envolvem em iniciativas comunitárias e veem o trabalho apenas como sustento.
- Normativistas (17%): equilibram vida pessoal e profissional, participando ativamente de iniciativas comunitárias.
- Funcionais (11%): focam na vida pessoal e veem o trabalho positivamente, mas com baixo engajamento comunitário.
- Workaholics (10%): dedicam-se quase exclusivamente ao trabalho, com mínima vida pessoal e comunitária.
- Envolvidos (9%): equilibram trabalho, vida pessoal e ações comunitárias.
- Totalmente Engajados (7%): priorizam o trabalho, mas mantêm equilíbrio com vida pessoal e engajamento comunitário.
- Coletivistas (5%): priorizam vida pessoal e engajamento social acima de resultados profissionais imediatos.
“Esses dados reforçam que não existe um único modelo de engajamento ou de equilíbrio profissional. Durante muito tempo, por exemplo, ser workaholic era visto como sinônimo de sucesso. Hoje, no entanto, com a crescente atenção à saúde mental, esse comportamento passou a estar associado à exaustão e à queda de produtividade. Em outras palavras, o trabalho no Brasil e no mundo mudou e, com ele, nossa forma de viver e de nos relacionar com nossas carreiras também”, explica Fabiana.
Um laço forte com a empresa, mas que não define a vida
Globalmente, 83% dos colaboradores afirmam gostar ou amar suas empresas, enquanto 71% consideram o trabalho importante, mas não definidor de sua identidade. O engajamento permanece elevado: quase metade (46%) dá o máximo de si, enquanto 34% adotam uma postura mais equilibrada, cumprindo expectativas e estabelecendo limites quando necessário.
Engajamento que muda conforme a vida
O estudo reforça que o engajamento varia conforme ciclos de vida: apenas 19% dos colaboradores no mundo colocam o trabalho no centro de suas vidas — contra 12% dos brasileiros —, enquanto 35% o consideram tão importante quanto outras áreas de sua vida pessoal. Quando o assunto é qualidade de vida, 56% destacam a conexão com outras pessoas (família, amigos e colegas) como o principal elemento. Já no Brasil, essa dimensão social é ainda mais valorizada do que em outros países, especialmente em comparação com outras economias emergentes, sendo essencial para 62% dos brasileiros.
O segundo fator mais citado para uma maior qualidade de vida é o tempo dedicado a si mesmos (42%). Entre os brasileiros, as três principais áreas de envolvimento são atividades sociais, religião e esportes. A religião, em particular, desempenha um papel central no cotidiano do país, com engajamento de 40%, acima dos 29% observados em outros países emergentes.
Tempo: o novo valor central do bem-estar
As empresas têm muito a ganhar quando reconhecem as realidades individuais de seus times e acolhem essas novas formas de dinâmicas de trabalho. Como em qualquer relação, o engajamento se fortalece pela reciprocidade, que vai além da remuneração. Ainda assim, os dados mostram que o salário segue como prioridade para 53% dos trabalhadores, enquanto benefícios alinhados às necessidades individuais atraem 36% dos respondentes.
Além disso, o estudo mostra que os colaboradores se conectam mais com empregadores capazes de entregar três pilares: crescimento e autonomia; conexões humanas autênticas e ambiente positivo; e benefícios competitivos. Nesse contexto, o que mais contribui para que os profissionais se sintam realizados é, acima de tudo, um ambiente de trabalho agradável e acolhedor (43%), aliado ao reconhecimento pelo que fazem (38%), elementos fundamentais para sustentar engajamento no longo prazo.
Principais dados do Brasil
- Os trabalhadores permanecem muito confiantes em relação ao próprio futuro (85%) e amplamente positivos (entusiasmados + felizes + confiantes = 77%), com confiança especialmente mais forte entre os maiores de 45 anos.
- A aceitação social e "ser funcional" são muito mais importantes no Brasil do que em outros países, especialmente nas economias emergentes pesquisadas (62% vs. 57% em economias emergentes).
- A vida pessoal é mais importante que o trabalho para a maioria dos empregados no país (57%) e apenas 12% consideram o trabalho como “central" em suas vidas. 63% trabalham para pagar as contas (vs. 51% em economias emergentes), mas, ainda assim, o desengajamento no trabalho afeta apenas uma minoria, aproximadamente 15-20%.
- Embora a grande maioria dos trabalhadores “ame” ou “goste” de sua empresa, o engajamento no trabalho não pode existir sem sinais concretos de reconhecimento (44%) e cuidado (43%). Autonomia/Empoderamento também é um fator importante no Brasil (41% vs. 35% em economias emergentes).
- As três principais áreas de envolvimento no Brasil são atividades sociais, religião e esportes. A religião desempenha papel central no cotidiano brasileiro e apresenta maior envolvimento (40% vs. 29% em economias emergentes).
- Ao analisarmos o cluster, a tendência “Minha Vida” — entendida como a relação do colaborador com seu núcleo pessoal —está mais presente no Brasil, com 23% de “Guardiões do Propósito" (vs. 18% na média de economias emergentes), que expressam o desejo de se envolver na comunidade (ou já se envolveram no passado), mesmo sem apoio da empresa.
*O estudo foi realizado em 10 mercados: Bélgica, Brasil, França, Reino Unido, Índia, México, Romênia, Espanha, Turquia e Estados Unidos.





