23 Outubro 2025
Uma análise aprofundada da Pluxee, líder mundial em benefícios e engajamento para colaboradores, revela uma reconfiguração estrutural no comportamento do consumidor em São Paulo, especialmente após a pandemia de Covid-19. O estudo, que mapeou padrões de transações, feitas na hora do almoço, via cartões de vale-refeição entre 2019 e 2025 aponta para uma descentralização do consumo – antes concentrado nas áreas comerciais – em direção aos bairros residenciais, impulsionada pela adoção de modelos de trabalho híbridos e remotos.
Em 2019, os bairros comerciais dominavam o cenário, concentrando quase 87% do consumo e das transações. No entanto, a pandemia de 2020 alterou esse panorama, com os bairros residenciais superando 52% do consumo e quase 49% das transações - um salto de quase 300% em relação ao ano anterior. Embora o valor médio de consumo tenha crescido em ambas as regiões, os bairros residenciais se destacaram, superando os comerciais, principalmente a partir de 2023:

"Esses dados são um espelho da nova realidade do trabalho e do consumo", afirma Antonio Alberto Aguiar (Tombé), diretor de estabelecimentos da Pluxee. "A pandemia acelerou uma tendência que já se desenhava: a flexibilização do trabalho e a valorização do bem-estar. O fato de o valor médio ter crescido exponencialmente nos bairros residenciais, e até superado os comerciais, demonstra que o lar se tornou um novo centro de atividades econômicas para o trabalhador formal", complementa.
Apesar da descentralização, os bairros comerciais também mostram uma recuperação consistente, com o consumo médio subindo de R$ 33,74 em 2020, no auge da pandemia, para R$ 44,90 em 2025 – um avanço de mais de 33%. "Isso não significa o fim dos centros comerciais, mas sim uma redefinição de seu papel", explica o executivo. "Eles continuam sendo importantes polos de atividade, mas agora em um ecossistema de consumo mais equilibrado e distribuído”, afirma.
E quais são os hábitos de consumo em bairros comerciais e residenciais?
Para entender os hábitos de consumo em cada região, a Pluxee realizou uma pesquisa com mais de 800 consumidores que aponta que o almoço do trabalhador brasileiro acompanha o modelo de trabalho. O estudo, realizado em setembro desse ano, revela que o modelo de trabalho predominante entre os consumidores é o presencial (86%), seguido pelo híbrido (10%) e home office (4%). Para aqueles em regime presencial ou híbrido, 43% costumam almoçar no trabalho ou em bairros comerciais. Desses, 37% levam marmita e 28% preferem restaurantes. Já para quem trabalha em casa, o cenário muda: 56% cozinham a própria refeição, um aumento de 19 pontos percentuais em relação aos que levam marmita no presencial.
Consumo presencial é mais frequente no trabalho
Quando questionados sobre a frequência do consumo presencial em restaurantes e lanchonetes no horário do almoço, os trabalhadores revelaram padrões distintos entre a rotina no trabalho e em casa. No ambiente corporativo, o hábito é mais presente: 19% afirmam almoçar fora todos os dias em bairros comerciais, contra apenas 12% em bairros residenciais. Essa tendência se mantém em outras frequências — 13% comem fora de 3 a 4 vezes por semana no trabalho, frente a 9% em casa. Já entre os profissionais em home office, prevalece a baixa assiduidade: 27% dizem ir a restaurantes apenas uma vez por mês ou menos, reforçando que o consumo presencial segue mais atrelado à rotina de trabalho.
Cartão refeição: o grande aliado do almoço fora de casa
O cartão de benefícios refeição se consolida como o principal meio de pagamento para o almoço fora de casa, utilizado por 50% dos trabalhadores. Ele se destaca muito à frente de outras opções como Pix (15%), cartão de crédito (15%) e débito (14%). Quando o saldo do cartão acaba, o cartão de crédito (36%) é a principal alternativa, seguido pelo débito (20%) e até mesmo pela marmita de casa (15%). Essa dependência do benefício se reflete nos gastos: quase 30% dos trabalhadores complementam até R$ 200 por mês, e 24% gastam até R$ 100. Esses dados reforçam o papel crucial do benefício refeição não apenas na rotina, mas também no orçamento do trabalhador brasileiro.
“Os dados da nossa pesquisa mostram que as empresas de benefícios precisam ficar atentas a essa nova realidade: é essencial oferecer flexibilidade para que os colaboradores possam usar seus benefícios tanto perto de casa quanto no ambiente de trabalho, de acordo com suas rotinas e modelos de atuação. Soluções flexíveis fazem toda a diferença — permitindo que cada pessoa escolha como e onde utilizar seus benefícios, seja cozinhando em casa ou indo a restaurantes. A digitalização tem um papel-chave nesse processo, garantindo um acesso simples, prático e adaptado a essa nova forma, mais descentralizada, de viver e trabalhar", destaca Tombé.





