
Crédito do Trabalhador: entenda o novo consignado
16 Junho 2025
Entenda como funciona o novo programa lançado pelo governo, suas diferenças em relação ao modelo tradicional e o que o RH precisa considerar.
O endividamento é uma realidade preocupante entre os trabalhadores brasileiros. De acordo com dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mais de 77% das famílias estavam endividadas no início de 2025.
Diante desse cenário, o Governo Federal lançou, em março deste ano, o programa Crédito do Trabalhador, uma nova modalidade de crédito consignado voltada para os profissionais da iniciativa privada. A proposta busca oferecer uma alternativa mais segura e acessível de empréstimo, especialmente para quem não tem acesso ao consignado tradicional.
Para os profissionais de Recursos Humanos e os responsáveis pela gestão de pessoas em empresas de todos os portes, entender como o Crédito do Trabalhador funciona é essencial, tanto para orientar os colaboradores de forma estratégica quanto para avaliar os impactos desse tipo de empréstimo consignado no ambiente corporativo.
Neste post, a Pluxee explica um pouco mais sobre o que é esse novo consignado, suas diferenças em relação aos modelos anteriores e o que o RH precisa saber para lidar com ele de maneira responsável. Continue lendo e confira!
O que é o Crédito do Trabalhador?
O Crédito do Trabalhador é um novo programa de empréstimo consignado lançado pelo governo com o objetivo de ampliar o acesso ao crédito com taxas de juros mais baixas para trabalhadores da iniciativa privada que atuam com carteira assinada.
Ele funciona como um consignado tradicional, ou seja, um empréstimo com desconto em folha de pagamento que ocorre de maneira automática, mas com algumas particularidades importantes:
- Não exige convênio entre a empresa e o banco ou financeira, ou seja, mesmo que a empresa não tenha acordos específicos com instituições financeiras, os funcionários podem contratar o crédito;
- É mediado por instituições autorizadas pelo Banco Central, que realizam a operação por meio de uma plataforma digital que se conecta ao sistema da Caixa Econômica Federal, responsável por gerenciar o programa;
- A fonte de dados para aprovação e desconto é o eSocial — isso dispensa a necessidade de as empresas operarem diretamente com a liberação do crédito ou o repasse dos valores às instituições credoras.
O foco do programa é oferecer uma alternativa de empréstimo consignado CLT mais segura e com menor risco de inadimplência, uma vez que a quitação é garantida diretamente via desconto em folha.
Quais as principais diferenças em relação ao consignado tradicional?
O entendimento comum de como funciona um empréstimo consignado, muito conhecido no setor público e entre aposentados, geralmente exige que o empregador tenha um convênio com a instituição financeira que oferecerá o crédito. Isso, muitas vezes, limita o acesso dos trabalhadores de pequenas e médias empresas.
O Crédito do Trabalhador surge para eliminar essa barreira, democratizando o acesso ao consignado. Veja as principais diferenças entre os dois modelos:
Convênio com empresa
- Consignado tradicional: exige convênio entre a empresa e a instituição financeira;
- Crédito do Trabalhador: não exige convênio, o colaborador pode contratar diretamente.
Quem oferece o crédito
- Consignado tradicional: diversas instituições financeiras que têm acordo com a empresa;
- Crédito do Trabalhador: instituições autorizadas pelo Banco Central, integradas ao programa.
Fonte de dados
- Consignado tradicional: informações repassadas diretamente pela empresa;
- Crédito do Trabalhador: base de dados do eSocial, sem necessidade de intervenção da empresa.
Responsabilidade da empresa
- Consignado tradicional: a empresa atua diretamente no repasse e controle dos descontos;
- Crédito do Trabalhador: a empresa garante apenas o desconto em folha, sem envolvimento direto na operação.
Acesso para trabalhadores CLT
- Consignado tradicional: limitado às empresas que possuem convênio;
- Crédito do Trabalhador: disponível para qualquer trabalhador com registro no eSocial.
Além disso, o Crédito do Trabalhador apresenta taxas de juros mais competitivas — com teto estipulado pelo programa — e prazo de pagamento que pode chegar a 48 meses, conforme cada instituição autorizada.
O que as empresas devem saber sobre essa nova modalidade?
Embora o Crédito do Trabalhador reduza a responsabilidade direta das empresas no processo de contratação do empréstimo, o RH continua desempenhando um papel fundamental, especialmente na orientação e no suporte aos colaboradores. Confira os principais pontos de atenção:
O desconto em folha continua sendo um compromisso da empresa
Mesmo sem a necessidade de firmar convênios com bancos ou financeiras, a empresa precisa garantir que os descontos em folha sejam corretamente aplicados, conforme os valores informados via sistema. Isso exige atenção e integração eficiente com o eSocial, já que eventuais inconsistências podem prejudicar o colaborador e gerar passivos para a organização.
A margem consignável permanece limitada
A margem consignável para empréstimos continua sendo de até 30% da remuneração líquida do trabalhador. Portanto, o RH deve estar atento ao controle dessa margem, considerando outros descontos que já existam. Uma má gestão pode impedir que o colaborador tenha acesso ao crédito ou ultrapasse os limites legais.
RH como agente de educação financeira
O fácil acesso ao crédito é uma faca de dois gumes. Por isso, é fundamental que o RH atue como um promotor de educação financeira interna, ajudando os colaboradores a compreenderem melhor o que é o crédito consignado e quais são suas regras, os riscos do endividamento e a tomarem decisões conscientes.
Como o RH pode apoiar colaboradores endividados?
Diante de um cenário de endividamento crescente, o RH tem um papel estratégico ao adotar políticas de apoio aos colaboradores. O objetivo é, ao mesmo tempo, facilitar o acesso ao crédito e promover a saúde financeira como parte do bem-estar corporativo. Confira algumas boas práticas que a Pluxee recomenda:
Ofereça orientação financeira
Parcerias com consultores financeiros, palestras educativas e programas de mentoria são formas eficazes de orientar os colaboradores sobre finanças pessoais, planejamento e uso consciente do crédito.
Acompanhe os indicadores internos de endividamento
Caso a empresa tenha acesso às informações de uso do consignado, especialmente quando há convênios internos, é importante acompanhar indicadores como número de funcionários endividados, frequência de renegociações e volume de crédito utilizado.
Essa análise pode revelar problemas estruturais, como baixos salários ou falta de políticas de apoio, que contribuem para o endividamento crônico.
Integre o tema ao programa de qualidade de vida
Assim como a saúde física e mental, a saúde financeira deve fazer parte do programa de qualidade de vida no trabalho. Colaboradores financeiramente equilibrados tendem a ser mais produtivos, engajados e menos propensos ao absenteísmo.
Crédito do Trabalhador: oportunidade ou risco?
Como toda ferramenta financeira, o novo consignado pode ser uma solução ou um agravante — tudo depende do contexto e da forma como é utilizado. O Crédito do Trabalhador representa um avanço importante na democratização do acesso ao crédito, especialmente para trabalhadores da iniciativa privada que antes estavam à margem dessas possibilidades.
Porém, sem uma orientação adequada, o acesso facilitado pode agravar o ciclo de endividamento, especialmente entre os públicos mais vulneráveis ou menos instruídos financeiramente.
É por isso que cabe aos responsáveis pela gestão de pessoas avaliar o contexto interno da empresa e adotar uma postura ativa diante do tema, promovendo uma cultura de responsabilidade financeira e acompanhando de perto os impactos dessa modalidade de crédito sobre os colaboradores.
Fique por dentro do Crédito do Trabalhador e seu impacto na produtividade
O Crédito do Trabalhador é mais do que um novo produto financeiro — é uma iniciativa que pode impactar diretamente a vida dos colaboradores e, consequentemente, a produtividade e a saúde do ambiente corporativo. Para os profissionais de RH, conhecer o funcionamento dessa nova modalidade, entender suas diferenças em relação ao modelo tradicional e saber como orientar os colaboradores são atitudes essenciais.
Em um cenário no qual o bem-estar financeiro se torna cada vez mais estratégico para o desempenho das equipes, o papel do RH vai além da gestão de benefícios: ele envolve escuta ativa, acolhimento e construção de uma cultura organizacional comprometida com o cuidado integral das pessoas.
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